7.1.11

Libertas quae sera tamen

"Poderia se dizer que livre, livre mesmo, é quem decide de uma hora para outra que naquela noite quer jantar em Paris e pega um avião. Mas mesmo este depende de estar com o passaporte em dia e encontrar lugar na primeira classe. E nunca escapará da dura realidade de que só chegará em Paris para o almoço do dia seguinte. O planeta tem seus protocolos."
A partir desse fragmento de um texto do Luis Fernando Veríssimo refleti mais uma vez em algo que sempre me incomoda: nossa liberdade está acorrentada a limites que a vida nos impõe. Nossa vontade nem sempre é prevalecida, há fatores externos que agem como obstáculos sobre o que queremos ser e fazer. Somos submetidos a nascer, crescer e sermos moldados em um lar sem que possamos escolher, e o que nos resta é o que podemos fazer com o que fizeram de nós.
Felizmente, através de um longo processo a nossa vontade pode ser conquistada como uma forma de liberdade trazendo-nos novos rumos e sonhos que acorbetam as passadas barreiras piscicológicas.
Não tenho o intuito de explicar o que é a liberdade, talvez seja inexplicável, mas com certeza entendida. No Sentido denotativo ela é a faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a próprima determinação. A palavra "liberdade" por si só é livre de sentidos demarcados.
Só sei que estamos condenados a ser livres. A liberdade zero é impossível, podemos pensar o que queremos mesmo que isso não seja exposto. Então, devemos ser conscientes das nossas ações e omissões, das escolhas que somos obrigados a realizar, usufruindo sempre para o melhor, mas há algo confuso uma vez que o melhor subjetivamente, nem sempre é o melhor objetivamente. Por exemplo no "Carpe Diem" buscamos uma satisfação imediata que nos deixa muito prazerosos, talvez, momentaneamente, mas que foi uma má escolha feita inconscientemente para o bem.
Deixar se levar pela paixão, pela emoção que suga nossa razão impossibilitando-nos de agir tal como queríamos é uma forma de não-liberdade, nossas ações são feitas por determinações emotivas que costumam se tornar pesares futuros. Outro fator é o mundo capitalista e globalizadíssimo a qual estamos inseridos, onde há um paradoxo: ele amplia nossos horizontes ao mesmo tempo que afunila com a indústria cultural e o mercado que cria desejos inexistentes em nós.
Ter poder de escolha livremente é tão contraditório, as vezes queria ter a opção de não ter que escolher...